domingo, 11 de novembro de 2007

Carnaval de hype é em Outubro



O-ba! Primeiro post. Queria começar com algo legal. Pensei, pensei e resolvi esperar a coisa mais legal que acontece no Brasil anualmente - para mim, ao menos: o Tim Festival. Nos anos anteriores eu não compareci por coincidências inoportunas, mas este ano era questão de honra. Eu já perdi Arcade Fire, The Strokes e, a perda especialmente dolorosa, Beastie Boys. Não iria perder novamente.

Lá fui eu, aquele ritual de excursões, compras de ingresso meia-entrada, o processo de convencimento de amigos a irem comigo, etc. Partimos para Curitiba, cidade pela qual mantenho uma paixão incondicional. Chegamos lá, muitos indies, muitos emos, uma fila que deixaria o Bozo de mau humor, recheada com muitos mosquitos e vendedores de capas de chuva, que nos garantiam que "ah, hoje vai chover pra caramba, vocês vão ver". Comprei a capa, me custou cinco Reais. Mais além volto a ela.

Entramos faltando cinco minutos para começar o show que eu, de fato, queria assistir, o do Hot Chip (é uma banda que inglesa, um sexteto nerd esquisitinho que toca uma música de elevador mó boa). Me posicionei, câmera na mão, comecei a me aquecer, ganhei um pirulito e uma Club Social das meninas que faziam promoção pela festa. Isso me deixou muito feliz, eu realmente gosto de amostras grátis.

Eles entraram, dei uns pulinhos. Seis ou sete músicas depois eles foram embora. Fiquei numa frustração de cortar os pulsos. Me disseram que eles eram mesmo uma banda só de abertura, o show era pra ser curtinho. Mas, oras, eu atravessei fronteiras - literalmente, desconte o drama da sentença - para vê-los. Magoei. Mas o show foi bom, animado, eles conseguem fazer música com um monte de fios, tambores, UMA guitarra e seis teclados.

Aí começaram a montar o palco da Bjork. Como eu estava frustrada, fiz o que pessoas frustradas têm o direito de fazer: reclamar. Reclamei da demora do palco, chamei a Bjork de tudo - "esquimó megalomaníaca" foi meu preferido. Pra quê três telas gigantes de LCD? Pra quê pendurar um monte de bandeiras coloridas com desenhos de peixes (?), sapos (??), jacarés (???)? Ah, que chata. Mas aí.. Tudo acencendeu e ela entrou cantando Earth Intruders e tudo fez sentido. Ela não é humana, é uma força da natureza. Não fui para vê-la. Aliás, sempre detestei fãs histéricos da Bjork, sempre os achei intelectualóides insuportáveis. Mas, depois daquele show, não deixo mais ninguém falar mal dela perto de mim. Eu não tinha nenhuma reação aparente, só fiquei boquiaberta olhando aquilo tudo, ela correndo, dançando, falando "obrigado" em português da maneira mais fofinha que alguém pode fazer. E a voz dela não tem explicações. Bjork levantou a Pedreira Paulo Leminski como nem Ivete Sangalo num dia inspirado faria.

Aí entra minha capa de chuva, que num primeiro momento não teve maiores funções além de ocupar espaço na minha bolsa. Dado aquele cansaço, fiz uma almofadinha dela e sentei no chão. Sim, no meio de trinta mil pessoas. Eu não tenho mais quinze anos, francamente.

Entraram os Arctic Monkeys, minha segunda atração mais esperada da noite. O show não correspondeu às minhas expectativas, infelizmente. Eles tocaram muito, em dois sentidos: muito bem e muito mesmo, no sentido literal, foram além da conta no tempo. Ficou chato, eles não se mexeram, não interagiram com a platéia. Cantei e pulei, já que decorei os dois albuns deles há tempos e já fui bem tiete. Mas se, por um lado, o palco deles era lindo - um fundo prateado brilhante com uns canhões de luz contrapondo os integrantes - e a performance foi impecável no quesito execução, não houve carisma algum.

Por último, assisti na primeira fila, com muita relutância, ao show do The Killers. Eu conhecia só três músicas, já havia visto alguns clipes naqueles programas legais - os únicos - da MTV de madrugada, mas sempre foi uma banda banal pra mim, nunca me chamou atenção. Pareciam uma mistura de tudo, e nem sempre isso é bom. Mas fui com uma amiga enlouquecida pelos caras, que me fez ficar lá na frente. Me surpreendi: nem o cansaço me fez deixar de notar que aquele era o segundo melhor show da noite. A decoração do palco era a mais bem produzida e a presença de palco dos integrantes era inacreditável, em especial a do vocalista Brandon Flowers, um Morrissey fajutinho de Las Vegas, que jogou flores para a platéia, era todo teatral, mas cantou com uma voz que não saiu dos trilhos, alcançando notas altíssimas, mesmo pulando pra lá e pra cá. Minha amiga quase desmaiou e eu saí de alma lavada do show deles. Acho que isso é um bom sinal.

Resultado: me aqueci no show do Hot Chip, chorei - mesmo - com a Bjork, quase dormi no Arctic Monkeys e dei um estrago irreparável na minha sapatilha de pano na apresentação do Killers.

Suada, sujinha de barro, devorada por mosquitos mutantes, xingando, chorando e cantando até perder a voz... Ano que vem, contem comigo em Curitiba novamente!